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Produtora cultural, aprendiz de escritora e fotógrafa, devoradora de livros e chocolates, "fazedora" e mantenedora de amigos.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Diário de uma insone - o momento da criação


voltando!


Já escrevi poemas,
E devorei muitos livros,
Já realizei sonhos,
E cultivei amigos

Visitei tantos lugares,
E descobri tantas pessoas,
Sonhei com amores possíveis,
E aprendi a viver sem eles.

Percorri infinitos caminhos,
E ainda tenho muito para ver
Estou sempre voando para longe
E voltando, para me abastecer

Para onde me sinto em casa
Para onde meus sonhos nascem

Para onde o solo é mais fértil,
o riso mais solto
E o sol mais gostoso

Onde encontro a água mais doce,
E a relva mais fresca

Onde o abraço é mais apertado,
o choro será sempre salgado
o ar permanecerá leve e gelado
E o colo, macio e pronto!



Anda!


Anda,

Como se teus pés te guiassem ao futuro,

Como se teu caminhar significasse solução para seus problemas.

Caminha,

Ao encontro do que acredita real,

Em direção a seus verdadeiros medos, que permanecem atormentando noites em claro.

Anda sempre a procura das suas virtudes,

Em busca de um passado mal dito,

À procura de palavras perdidas e sonhos esquecidos.

Permaneça caminhando, mesmo quando teus pés já não mais te obedecerem

Quando tuas mãos enxugarem seu rosto sem saber bem de onde vem as gotas,

Se dos olhos, da pele ou da alma

Caminha pra frente, pra trás para os lados,

reconhecendo traços de outras passagens,

retrocedendo para contemplar novas paisagens

que de tão conhecidas tornaram-se estranhas

que de tão contempladas tornaram-se outras

Olha,

Como se fosse a primeira vez,

E reconheça traços familiares,

Perceba todas as cores, ouça todos os ruídos, sinta todos os odores.

Permaneça onde esta e veja que tudo mudou,

Mude seu modo de ver e perceba que já não faz sentido,

Caminhe em direção a um objetivo e desista dele

Continue o que começou e nunca acabe

Acredite no que dizem e faça diferente

Dê tudo de si e peça de volta

Olhe para todos os lados e veja o que há dentro

Vá ate onde puder e dê mais um passo!



Aprofundemos...


Aprofundemos,
Relações não consumidas
Realidades pouco vividas
Intimidades não consumadas.
Deixemos que os pensamentos ocupem seus lugares
palpáveis no presente tão aguardado
Pensemos que todo impedimento inexiste quando nos
descobrimos parte concreta na manifestação do que
desejamos.
Acreditemos no real poder das palavras e pensamentos
quando os virmos criando realidades invertidas e
transformadas.
Aprofundemos tudo!
A ponto de tocarmos o fundo das consciências, que de
tão perdidas e esquecidas tornaram-se inconsciências
aladas.
Libertemos,
Consciências, inconsciências, desejos infames,
realidades tortas, pecados inconfessáveis.
Realizemos impossibilidades,
Digamos inverdades,
Percamos dignidades,
Sejamos tudo o que nossa frágil humanidade nos permite ser,
e que de tão frágil
é facilmente quebrável,
perfeitamente possível, profundamente aprazível e delirantemente insuportável.
Aprofundemos!
Abramos os olhos!
Vivamos intensamente,
Até que tudo se acabe,
Até que os olhos se fechem,
As bocas se toquem,
Os cílios se percam,
Os sonhos se embolem,
Até que tudo perca o sentido e tenha perfeita
explicação
Até a luz se perder no infinito
E a verdade ser pura ilusão!!!


Gosto de minhas palavras!

Gosto de minhas palavras,

De vê-las nos olhos dos outros,

Do brilho que caminha com elas,

E dos sonhos que podem suscitar.


Gosto de minhas idéias,

De percebê-las possíveis,

A tomar vida própria,

Criando novas realidades.


As idéias virando palavras,

Os sonhos se transformando em paginas,

Eu, me tornando outra, extra, melhor!


Gosto de meus pensamentos,

Tomam caminhos estranhos,

Encontram lugares incríveis,

E descobrem como voltar,


Acredito nos meus sonhos,

Que podem parecer reais,

Se materializar em lugares descritos,

E permanecer escondidos demais.



Estrelas a meus pés...

Uma escuridão que me abraça e me faz sentir mais forte.
No rosto, vento e lágrimas. Ou será a chuva que me acaricia e maltrata?
Não vejo nada, como se o mundo já não existisse. Apenas meus pés me fazem crer que ainda estou aqui. A areia a tocá-los, a água que vem e os molha, a vida que se meche embaixo deles, e faz cócegas.
Asas me rodeiam. Abro os braços e posso voar. Estou deserta, só e feliz!
Fecho meus olhos, já cansados de não ver. Me ponho a ouvir o silêncio turbulento de sons desconhecidos. Chove fora, molha dentro, lavo minhas feridas, alivia!
Sorrio em vão pois não há com quem compartilhar tamanha paz. Ouço um riso alto, uma gargalhada gostosa, o som da liberdade de alguém, e me ponho a procurar, mas não importa para onde olhe, para onde caminhe, nada vejo, só há escuridão.
Atenta, querendo ser encontrada pela risada, espero. Ouço novamente e o som vem de perto, muito perto, vem de dentro. Sou eu!
Sou eu que rio e gargalho e em paz sorrio serena. Que, em meio ao negro da noite sem lua, enxergo tão claramente minha alma, e vejo luz. As nuvens caminham e as estrelas me deixam perceber algumas sombras, reconheço curvas ao longe, montanhas, horizontes. Perto apenas dunas, aos meus pés movimento. Estrelas saem da água para a segurança das areias escuras. Quase piso, quase quebro! Desvio e me pego fascinada a observar a beleza dos segredos da noite.
Conchas andantes, seres descuidados, estrelas da noite deitadas no chão.
Vejo um mundo fora de mim, pequeno, frágil e poderoso.
Estrelas a meus pés, vida em minhas mãos !




De novo!!!


De novo,

mais uma noite sem dormir,

cheia de lembranças do passado

cheia de grandes planos para o futuro

povoada de medos, inseguranças, ansiedades

regada a sangue quente

plena de suor frio

De novo,

nova fase de noites brancas

cabeça cheia

cama vazia

La fora, o calor da noite super-aquece

os infelizes que dormem,

aqui dentro, o vento gelado me diz

como é triste acordar sozinha.

Por isso não durmo,

para não ter que acordar,

para não lidar com a vida,

com seus falsos sinais

de esperanças perdidas.

Por isso não fecho os olhos,

para não enxergar além

da concretude que me cerca,

para que eu, que moro aqui dentro,

continue achando perguntas

e procurando respostas no “lá fora”.

E permaneço acordada,

acendo as luzes,

leio palavras escritas por outros,

em suas noites brancas,

escrevo segredos ocultos do mundo,

em meus dias escuros,

e sonho em dormir!!!