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Produtora cultural, aprendiz de escritora e fotógrafa, devoradora de livros e chocolates, "fazedora" e mantenedora de amigos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Olhos descritos por outro...




Certas pessoas tem um sensibilidade tão aguçada que uma imagem ou palavra de um outro inspiram poemas.
Com muita sensibilidade Eduardo escreve sobre meus olhos, sobre minhas palavras, e o faz com tamanha sensibilidade que fala de todos os olhos do mundo e de toda a beleza contida neles.
Gratíssima Eduardo, pelas palavras, pelo gesto, pelos sentimentos descritos.
Compartilho com todos suas belas palavras...

"Os olhos de Mariana são como poucos: eles dizem tudo, bem explicado, sem esconder nada.

Debruçada à janela, em atitude de observação atenta, a dona dos olhos se deixa ver em preto e branco, estática. Cotovelo no peitoril, a mão esquerda no queixo apóia a cabeça. Ela e seu par de olhos que dizem tudo.

À distância, não percebo detalhes dos olhos reveladores de Mariana. Mas o que sai deles é a certeza de quem espreita a vida, como se emitisse muxoxo conformado por ela não ser exatamente o que se sonhava. Daqui onde a vejo, ela me observa. "Se quiser saber quem sou / não me julgue / não me analise / não me preconceba / apenas olhe nos meus olhos".

Apesar de tudo, há confiança no olhar de Mariana. Seus olhos não calam, não negam. Não traem. Como tantos olhos fugidios, que vagueiam para não encontrar outros como os de Mariana.

Não preciso saber quem ela é. Além de conhecer-lhe a mãe, seus olhos e sua poesia me contam dessa moça que ama os amores, os amigos e a vida. Seu olhar vai pelo tempo, passa pelo satélite, percorre circuitos e chega ao meu monitor. Adverte-me sobre a possibilidade de, olhando bem lá no fundo, encontrar "...uma sombra de melancolia / uma sensação de solidão e até uma fina tristeza".

Dizem também de água, os olhos de Mariana.

Seus olhos dizem tudo."

sábado, 3 de outubro de 2009

Descoberta














Dor,
Na certeza de que tudo acabou
Na ilusão de um dia ter sido

Inteiro, intenso
Parte de sonhos complexos
Todo de pedaços colados

Dói,
Encontrar verdade no que foi dito
Ouvir o que jamais será proferido

Dói mas liberta
Abre caminhos
Encerra feridas

Desaba barreiras erguidas por medo e esperança
Surgindo luz por detrás de lágrimas derramadas

A dor se esvai
Para o lugar de onde veio
Para o seu mundo, de complexas teias de afetos

Descubro, então, como o amor também é triste
E como é livre quem escolhe onde acaba a dor.

Meus olhos...









Se quiser saber quem sou
Não me julgue
Não me analise
Não me preconceba
Apenas olhe nos meus olhos


Quando eu estiver cantando, me observe
Perceba meu sorriso em um banho de cachoeira
meus braços abertos em um banho de chuva
Ou um simples papo com os amigos em uma mesa de bar


Olhe nos meus olhos
E veja toda a minha paixão
Pelos meus amigos
Pelos amores que passaram em minha vida
Por meus planos e sonhos


Veja meus desgostos, problemas
E relações mal resolvidas
E garanto que não encontrará, em meus olhos,
Ódio ou amargura


Olhe lá no fundo
E talvez encontre uma sombra de melancolia,
Uma sensação de solidão e até uma fina tristeza
Que me fazem, cada vez mais, mergulhar nos meus olhos
E me conhecer melhor, me encontrar lá no fundo


Se quiser me conhecer,
Olhe nos meus olhos


Eles estão cheios de água?
Pois eu sou água
Fluida, frágil e completamente transparente
E capaz de chegar onde quiser


Não me analise, apenas me olhe
Apenas olhe meus olhos
Ouça o meu canto
E se quiser, cante comigo.