Minha foto
Produtora cultural, aprendiz de escritora e fotógrafa, devoradora de livros e chocolates, "fazedora" e mantenedora de amigos.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Em silêncio. 25/01/2017

Silêncio, 
Pacientemente renovando
Solitariamente construindo

Construindo estruturas internas
Demolindo certezas ultrapassadas
Faxinando teias secretas

Em silêncio percebe-se mais
A si, ao redor, os ruídos

E prepara-se para quando a música retornar

Para ouvir
Para sentir
Para bailar,

Quando a vida vier lhe tirar pra dançar.

Sobre abismos e asas

A vida, de surpresa
Passa a rasteira, atira no abismo
Sem aviso ou tempo pra ensaio.
A saída é improvisar.
No meio da queda,
No meio do susto,
Ainda no ar,
Abrir as asas
E aprender a voar.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Sejamos!

Tanta gente, tanta solidão. 
Olhos perdidos em universo paralelo.
Imensidão digital, solidão analógica. 
O outro transformado em abstração, 
enquanto eu, eu não sou obrigado.
O outro é incomodo,  atravancando caminhos, discordando de mim.
Como ousa existir?
Eu e eles, certo ou errado, preto ou branco, direita ou esquerda.
Não mais importa o todo, apenas a parte que me toca.
Chega!
Necessitamos de liberdade,.pensamento amplo, olhar generoso.
Sejamos infinitos, sejamos horizonte,  sejamos círculo, espiral, inspiração constante.
Erguer os olhos,  olhar para a luz repentinamente, cega, machuca, mas aos poucos acostumam-se os olhos e surgem as cores, surge o infinito, a imensidão.
Jogue-se!
Viver dói,  mas não sentir, não aprender a tocar a alma do outro, a viver intensamente cada segundo, dói mais e custa mais caro.
Jogue-se! Mergulhe na água fria. A pele arrepia, a mente desperta, a paisagem fica mais sublime, a luz mais bonita,  brilhante.
Bora viver?
Bora sentir plenamente?
Você vai gostar.
Acredite.
É emocionante.

Inspiração

Inspiração, de onde vem?
Da alma cansada de tanto sonhar?
Do corpo sedento, insistindo em acordar?
Da vida correndo, da noite morrendo, da mente apagando e querendo pensar?

Que se acabe...

Querendo mais é que o mundo se acabe. Que tudo acabe em festa, com dança, suor e cerveja, com gente se amando e querendo viver.
Que se acabe em beijos que sejam bem dados,  daqueles estalados, beijos molhados,  que te façam quase morrer.
Que o mundo se acabe em festa, com gente na beira da praia, cantando pro dia acabar. 
Torcendo pro fim chegar colorido, alertando todos os sentidos, luzes, sons e sabores perdidos, tudo espalhado pelo céu.
Todos juntos,  desejando de mãos dadas,  que ele se acabe feito a madrugada,  que trás a esperança no breu.
Que se acabe tudo, e recomece. Que exaustos a gente adormeça,  e acorde querendo sorrir.
Acordaremos no reinício de tudo, onde a vida esteja mais leve, o continuar seja vontade,  de fazer, realizar, construir.  Onde o outro não seja ameaça,  a diferença apenas um traço e onde tudo se possa repartir.
Quero mais é que o meu mundo se acabe,  pois dos fins é que nascem os começos, e da vontade o primeiro passo pra conseguir. 

Minha dor

Minha dor me define,
me explica.

Corpo cansado,
Peso do mundo.
Carrego nos ombros
as dores do outro.

Nos quadris, o drible necessário
Me faz acreditar que sei desviar.
Sei nada,
Recebo tudo,
e fico com boa parte.

Dói a cabeça, 
De tanto pensar.

Perfeição é o que busco.
Sentimentos, ações, solidões,
Pontada no peito,
Amor em excesso.

As vezes dói tudo,
mesmo!

E o alívio, a tranquilidade
De onde menos se espera
Do riso, do brinde, do abraço
Da noite fria.

Devia esperar.
De onde viria?
Senão do coração pleno
E da cabeça vazia?

Meu amor, sozinho.

Meu amor é sozinho
Sempre foi.

Daqueles amores que nascem bonitos
E persistem em se jogar no vento.
Daqueles que desejam felicidade errante
E que resistem ao passar do tempo.

Meu amor é feito de sonhos

Constrói afetos em terreno deserto
Semeia confiança onde há somente o incerto
Encontra, abandonados,  em terrenos baldios
O desejo, a esperança , o respirar, o alívio. 

No suspiro constante de tanta alma aflita
No anoitecer suave de um dia de outono
No acúmulo das palavras escritas quando, rolando na cama, se perde o sono.

Ele é suave,
Insiste em existir e desejar beleza
Ele é dolorido,
Pois existe apenas em si, apesar da tristeza.

Ele alimenta, 
Inevitável como o abrir de olhos
em manhã sonolenta.
Ele alivia, 
Suave como brisa fresca
Ao final do dia.

Porque vive em si mesmo
Meu amor é sozinho
Não se basta por desejar estar só
Mas por amar tanto, que inventa seus próprios caminhos.

Belezas...

Belezas ditas preenchem,
motivam belas ações, valorizam pequenos detalhes .
Belezas pensadas fortalecem,
criam grandes sonhos, provocam belas paisagens,
onde o olhar vê o que pensa,
sonha o que realiza
Alimenta de leveza
A realidade sombria.
Beleza no olhar transborda
e no coração transcende,
No dia a dia recorda,
E na escuridão acende.
Silenciar é o movimento, 
Internalizar para entender,
Engolir para digerir. 

Loucura embriagada

Certa noite recebeu flores, não vieram com declarações de amor ou sequer palavras ternas,  vieram de uma loucura embriagada,  de um amor que se negava a ser, mas que teimava em permanecer acordado,  como criança que se nega a dormir. 
Não vieram em bouquet,  as flores,  sequer arrumadas como quem se propõe a presentear pensa em fazer. Vieram "ajuntadas" em saco improvisado,  colhidas a esmo de jardins vizinhos,  em uma tentativa bêbada de desculpas. 
Olha-las ali, esparramadas na mesa da sala, tão lindas e coloridas, causou-lhe ao mesmo tempo ternura,  afeto e tristeza.  Por saber que em sua fragilidade, na falta de solo fértil que as permitisse perseverar,  aquela oferta significava também o início do fim. Daquele "relacionamento", que já exibia claros sinais de últimos suspiros, e daquelas belas flores,  esparramadas,  enfeitando a mesa no canto da sala por alguns dias, até que murchassem por fim. 
Ambos, permaneceram de alguma forma vivos, na lembrança,  as vezes gostosa, de dias de eterna preguiça,  entre conchinhas, risadas e sessões de filmes,  muitas vezes dolorosa, como em noites caóticas e delirantes,  nas tentativas de salvação,  do outro e de si mesma.
Só salvou a si própria,  de virar permanentemente os cacos em que havia se tornado naqueles dois anos. O outro, é sabido que só é possível que se salve ele dele mesmo.
Permanecem as memórias e as flores em imagens congeladas,  no hd interno, nas memórias e histórias que sempre virão sucitar. Histórias de um tempo estranho, um pouco feliz,  muito triste,  de quando ainda era uma outra, uma que nunca se soube, que nunca sequer se reconheceu nos espelhos observados.  Nos olhos, no brilho escondido bem lá no fundo, nesses ela sempre encontrou, a si mesma, a resposta,  o caminho, o ponto final,  aquele que gera também todos os recomeços.