Certas pessoas tem um sensibilidade tão aguçada que uma imagem ou palavra de um outro inspiram poemas.
Com muita sensibilidade Eduardo escreve sobre meus olhos, sobre minhas palavras, e o faz com tamanha sensibilidade que fala de todos os olhos do mundo e de toda a beleza contida neles.
Gratíssima Eduardo, pelas palavras, pelo gesto, pelos sentimentos descritos.
Compartilho com todos suas belas palavras...
"Os olhos de Mariana são como poucos: eles dizem tudo, bem explicado, sem esconder nada.
Debruçada à janela, em atitude de observação atenta, a dona dos olhos se deixa ver em preto e branco, estática. Cotovelo no peitoril, a mão esquerda no queixo apóia a cabeça. Ela e seu par de olhos que dizem tudo.
À distância, não percebo detalhes dos olhos reveladores de Mariana. Mas o que sai deles é a certeza de quem espreita a vida, como se emitisse muxoxo conformado por ela não ser exatamente o que se sonhava. Daqui onde a vejo, ela me observa. "Se quiser saber quem sou / não me julgue / não me analise / não me preconceba / apenas olhe nos meus olhos".
Apesar de tudo, há confiança no olhar de Mariana. Seus olhos não calam, não negam. Não traem. Como tantos olhos fugidios, que vagueiam para não encontrar outros como os de Mariana.
Não preciso saber quem ela é. Além de conhecer-lhe a mãe, seus olhos e sua poesia me contam dessa moça que ama os amores, os amigos e a vida. Seu olhar vai pelo tempo, passa pelo satélite, percorre circuitos e chega ao meu monitor. Adverte-me sobre a possibilidade de, olhando bem lá no fundo, encontrar "...uma sombra de melancolia / uma sensação de solidão e até uma fina tristeza".
Dizem também de água, os olhos de Mariana.
Seus olhos dizem tudo."