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Produtora cultural, aprendiz de escritora e fotógrafa, devoradora de livros e chocolates, "fazedora" e mantenedora de amigos.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sonolenta

A turbidez de meus olhos me permite enxergar formas, texturas e profundidades inexistentes no plano real, onde os que vêem reto, vêem torto, onde os que vêem certo, vêem roto.

Olho ao redor, danço com o andar das linhas, vejo a timidez da palavra pequena achando-se menos necessária, à querer esconder-se atrás de outra que lhe pareça mais garbosa.

Corro atrás das aceleradas, que na pressa de tomarem seus lugares não esperam que eu as posicione corretamente.

Ouço seus sussurros ao perceberem como me confundo com meu olhar turvo, com a mente sonolenta, mas não desisto, as caço, as coço, faço cosquinhas para divertirem-se, construo firulas pras que sintam-se mimadas, esvoaçantes, sorridentes.

Tomo as palavras em meus braços e as nino para que, no embalo, para que ao meu canto, adormeçam e deixem-se domar, e venham tomar seus lugares escolhidos por mim, para que eu as exiba aos que quiserem observar.

E domadas umas pelas outras, construindo sonhos, caminhos e páginas, adormecemos juntas, eu e minhas palavras...

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