Deitada sozinha, no chão quente após um dia de sol, a menina reaprende a contar estrelas, tantas, tão silenciosas a nos espiar de longe, aguardando que as venhamos espiar de volta.
Ficaram ali, conversando, aconselhando umas à outra, despejando desejos, agradecimentos, abrindo a alma dolorida, expondo as feridas tão profundas. Ali, naquele silêncio que parecia gritar milhões de perguntas, a menina percebeu-se inteira, as respostas de suas amigas estrelas clareando suas dúvidas, o vento frio da noite acordando cada célula.
Desejando mãos que segurassem as suas, desejando clareza em seus caminhos mais tortuosos, desejando equilíbrio e força para dar os passos mais necessários.
A menina também agradeceu, por cada abismo superado, cada alívio sentido, cada realidade descoberta, agradeceu por ser capaz de sentir tanto e de sobreviver a si mesma, cada momento em que virou escombros e conseguiu reconstruir-se aos poucos, pedacinho por pedacinho. Agradeceu por cada mão que a salvou da enxurrada, e cada abraço que acalmou seu coração.
Ali, sozinha, conversando com o universo, a menina percebeu-se pela primeira vez onde deveria, e desejou estar nesse lugar sereno por mais vezes. O guardou dentro de si, para poder visitá-lo todas as vezes em que a realidade machucar e agradeceu imensamente por ser capaz de enxergar, tão claramente, tanta beleza.
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