Minha foto
Produtora cultural, aprendiz de escritora e fotógrafa, devoradora de livros e chocolates, "fazedora" e mantenedora de amigos.

domingo, 30 de dezembro de 2018

Onde deveria.

Deitada sozinha,  no chão quente após um dia de sol, a menina reaprende a contar estrelas, tantas, tão silenciosas a nos espiar de longe, aguardando que as venhamos espiar de volta.
Ficaram ali, conversando,  aconselhando umas à outra,  despejando desejos, agradecimentos,  abrindo a alma dolorida,  expondo as feridas tão profundas.  Ali, naquele silêncio que parecia gritar milhões de perguntas,  a menina percebeu-se inteira, as respostas de suas amigas estrelas clareando suas dúvidas,  o vento frio da noite acordando cada célula. 
Desejando mãos que segurassem as suas,  desejando clareza em seus caminhos mais tortuosos,  desejando equilíbrio e força para dar os passos mais necessários.
A menina também agradeceu,  por cada abismo superado,  cada alívio sentido, cada realidade descoberta, agradeceu por ser capaz de sentir tanto e de sobreviver a si mesma, cada momento em que virou escombros e  conseguiu reconstruir-se aos poucos,  pedacinho por pedacinho. Agradeceu por cada mão que a salvou da enxurrada,  e cada abraço que acalmou seu coração.
Ali, sozinha,  conversando com o universo,  a menina percebeu-se pela primeira vez onde deveria,  e desejou estar nesse lugar sereno por mais vezes. O guardou dentro de si, para poder visitá-lo todas as vezes em que a realidade machucar e agradeceu imensamente por ser capaz de enxergar,  tão claramente,  tanta beleza.

Nenhum comentário: